terça-feira, 15 de setembro de 2009

SOBRE CACHORROS, CHAVES E FERRADURAS

Você tem uma fechadura à sua frente, e um molho de chaves. Em geral, leva-se de um a dois minutos para achar a chave correta e abrir a porta. Um determinado dia, soltam um cachorro bravo lá no fim da rua, logo assim que você chega até a porta. Você ainda não sabe, mas o cachorro leva três minutos para chegar até você. O que sabe é que tem uma porta fechada, um monte de chaves, um cachorro querendo estraçalhar você... e que é preciso achar a chave correta o mais rápido possível.

Quanto tempo você vai levar para achar a chave? O mesmo, mais tempo ou será mais rápido? Costumo perguntar isso nas palestras pelo país afora. Em geral, as pessoas acham que muito mais tempo, já que a pessoa ficará nervosa e estressada com os latidos e o medo do cachorro.

Contudo, a resposta correta é: "depende".
Se você pensar no cachorro, levará mais tempo e algumas mordidas. Se esquecer o cachorro e se concentrar nas chaves, levará provavelmente o mesmo tempo e não será vítima do pit bull, ou dobermann. Eu digo que esqueceria do cachorro e faria o que tem de ser feito. Em situações como essas, você não pode pensar em focar no cachorro, mas na tarefa. Quanto mais focado, melhor irá desempenhá-la.

Algumas pessoas estudam e/ou fazem provas pensando no "cachorro" - o tempo curto, as pressões, as dívidas, a quantidade de matéria, os riscos, a quantidade de candidatos, se serão chamados ou não etc. Isso não adianta, apenas atrapalha. Você precisa pensar nas chaves, na fechadura.

Em uma palestra, um rapaz disse que acharia a chave mais rápido. Inicialmente achei que estivesse errado, mas ele me convenceu. Ele disse que, sabendo que havia um cachorro, não focaria no bicho, mas, em razão de sua presença, iria prestar mais atenção do que de costume, afinal, naquele dia o assunto era mais sério. Não só admirei e concordei com a resposta, mas lembrei de mim mesmo e de muitos amigos: sabendo que a coisa é séria, a gente se distrai menos. Quando "cai a ficha" a gente não se permite perder tempo ou levar a coisa sem um mínimo de seriedade.

Quando eu estudava para concursos, sabia que aquela era, senão a única, certamente a melhor saída para eu achar meu lugar ao sol. Era a porta que eu tinha e a chave era estudar, aprender a matéria, aprender a fazer as provas, me organizar. Quando fazia as provas, não pensava no cachorro, mas focava minhas atenções em fazer a melhor prova que eu pudesse fazer naquele dia. Se desse para passar, ótimo; se não, iria me preparar melhor para a próxima. Concurso se faz não para passar, mas até passar.
Há pessoas que ficam pensando nos cachorros; outras tratam o estudo ou a prova com displicência, como se tudo fosse dar certo automaticamente, ou como se tivessem todo o tempo do mundo. Não é por aí. Nem atenção demais, nem de menos. O importante é um candidato equilibrado.

É preciso estar presente naquilo que se faz: no lazer, lazer; no estudo, estudo. Precisamos de um mínimo de lazer, descanso e atividade física, e de muito estudo, mas estudo de qualidade. Para a atividade física, recomendo o WDPTS, disponível gratuitamente na página www.williamdouglas.com.br, onde também há dicas sobre organização e administração do tempo. Mas tão importante quanto organizar o tempo, é organizar a própria cabeça, as prioridades e a forma como vamos lidar com nossos cachorros e as chaves. Há muitas portas boas para serem abertas, e faremos isso se fizermos a coisa certa pelo tempo certo.

William Douglas

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