quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Uma licença sem vergonha


Incapaz de seguir gerando energia sem provocar colossais impactos socioambientais, o governo recupera, rumina, insiste e nesta segunda-feira liberou a licença prévia da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), projeto gestado e formatado durante a Ditadura Militar. O canetaço que, segundo ambientalistas pode decretar a morte do rio Xingu, de paisagens belíssimas (foto) e de diversos povos afetados direta e indiretamente pela obra, recai no colo da intrépida trupe do ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) e do presidente do Ibama Roberto Messias, cuja saída estaria programada para breve. Para não variar, a concessão da licença contraria parecer dos técnicos da casa.

Ao lado de indígenas e ribeirinhos e do Movimento Xingu Vivo para Sempre, a Rede Brasileira de Justiça Ambiental e o Forum da Amazônia Oriental lançaram uma nova campanha contra Belo Monte. A resistência reforçada se deve a ofensiva governista para aprovar o sinistro projeto sem debate com as comunidades afetadas e sem realizar a obrigatória consulta às mesmas, como prevê a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho das Nações Unidas, da qual o Brasil é signatário. Povos indígenas vêm lutando contra o projeto há mais de duas décadas, como os Tuxucumarrãe e os Kayapó. Um vídeo com suas opiniões foi lançado há poucos dias. Confira abaixo.

Segundo os movimentos sociais contrários a Belo Monte, a usina será a terceira maior do globo e sua construção devastará imensa área de floresta amazônica no Brasil e ameaçará unidades de conservação e a sobrevivência de povos indígenas e tradicionais. O projeto é o maior do PAC, programa federal para aceleração do crescimento sem cuidados ambientais e principal alicerce da candidatuda à presidência da ministra Dilma Roussef (Casa Civil). A usina integra planos para cerca de uma centena de hidrelétricas na Amazônia brasileira, acumulando estragos inimagináveis que o governo pretende varrer para debaixo do tapete.

Estudos independentes demonstraram que os custos reais do empreendimento estão subestimados. Francisco Hernandez, engenheiro elétrico e coordenador de um grupo de 40 especialistas em vários setores que analizou os estudos de Belo Monte é enfático. "Belo Monte é um projeto de viabilidade duvidosa, extremamente complexo e que depende de enormes desvios do rio Xingu, escavações e movimentos de terra semelhantes ao que ocorreram na obra do Canal do Panamá", disse em nota da International Rivers Network.


Além disso, Belo Monte vai gerar pouca quantidade de energia durante três a quatro meses ao ano, com investimentos iniciais previstos de até 17,5 bilhões de dólares. Uma festa em período eleitoral. "Ninguém conhece os custos reais de Belo Monte. O projeto irá desclocar dezenas de milhares de pessoas e destruir o modo de vida de outros milhares. Enquanto o Brasil pede à comunidade internacional que apoie a proteção da floresta tropical, seu governo insiste em megaprojetos de infraestrutura, que são ambientalmente e socialmente indefensáveis, disse Aviva Imhof, diretor de campnhas da International Rivers.

Parte da obra será financiada pelo BNDES. A energia de Belo Monte vai abastecer os grandes centros urbanos no Sudeste e uma fábrica de alumínio no Pará.

Fonte: oeco

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